Foi tirar um dente e ficou um pedaço?
Calma! Isso pode acontecer, tanto como um fato previsto pelo Cirurgião-dentista, como por uma intercorrência ocorrida no momento. Vou te explicar:
Nossos dentes possuem coroa (parte que fica exposta na boca) e raiz (parte que deve ficar escondidinha dentro do osso e da gengiva). Geralmente, o fragmento deixado faz parte da raiz.
Existe um padrão de quantidade, formato e tamanho da raiz dentária. Porém, esse “padrão” pode variar muuuito! Ou seja, existem dentes com mais raízes do que o “padrão”, com tamanhos diversificados, com formatos diversificados, que podem dificultar a remoção do dente por inteiro.
E não é só isso!
Alguns dentes podem estar muito próximos ou mesmo colados com estruturas nobres (nervos, vasos sanguíneos, espaço de seio maxilar, espaço sublingual, espaço pterigoideo, canal mandibular) que devem ser preservadas para evitar maiores danos, como hemorragia, sinusite, inflamações e infecções pós-operatórias, parestesia…são muitas coisas envolvidas.
Exemplo:
formato padrão (imagem google) formato possível (imagem google)
Existe também a possibilidade de anquilose dentária, que é quando o ligamento periodontal (fibras colágenas que aderem o dente ao osso) se calcifica, deixando o dente completamente colado no osso, dificultando em muito a sua remoção.
O fato é que por mais que o procedimento de extração de dente seja banalizado, é algo extremamente sério, que envolve riscos desde os mais simples até ao risco fatal.
Também pode acontecer de o procedimento já ter se estendido por muito tempo e ter se tornado muito desgastante, ou o paciente estar muito ansioso impedindo o manejo adequado por parte do profissional.
Ademais, o fragmento pode ser mantido até mesmo para evitar a perda óssea e alguns casos específicos.
Portanto, cabe ao profissional avaliar o risco/benefício de efetuar a técnica de manutenção do fragmento.
Caso o profissional já observe no exame que isso pode ocorrer, o paciente já precisa ser orientado. Mas nem sempre é possível. Por isso, se durante o procedimento, o cirurgião precisou manter um fragmento de raiz na sua boca propositalmente, ele deve te avisar, te orientar e te acompanhar por algum tempo.
O exame de radiografia pode dar indícios do grau de dificuldade da extração do dente, por isso, não deve ser negligenciado.
Atenção: não são todos os fragmentos que podem ser mantidos.
Existe basicamente 2 regras para este procedimento ter sucesso:
1. o fragmento não deve ficar exposto ao meio bucal. Ou seja, precisa estar abaixo do nível ósseo, para que cicatrize sem causar danos.
2. O fragmento não deve estar com alto nível de bactérias (fator analisado pelo profissional)
Optado pela manutenção da raiz, 1 das duas coisas irão acontecer:
1. seu organismo vai cicatrizar normalmente, encapsulando o fragmento. Essa é a alternativa que mais ocorre.
2. seu organismo pode expulsar o fragmento e você vai ver o pedacinho “nascendo de novo”…por isso é importante o acompanhamento, pois o pedaço não pode ficar exposto no meio bucal e deve ser removido (se serve de consolo, é beeem tranquilo, pois o fragmento fica sem firmeza no osso)
O bom profissional irá te explicar o que houve e o que poderá acontecer. O bom profissional também te deixará seguro. Por isso, sempre que precisar remover um dente, busque um Cirurgião-dentista que te passe essa confiança.
Espero ter ajudado,
Erica Mayelle, Cirurgiã-dentista.